sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Treinamento

Meu voo fez escala em Miami. Eu pensei que eu teria um tempo para passear por alguma parte de fora do aeroporto, mas me perdi naquela coisa gigante. Os aeroportos grandes dos EUA tem até metrô para ir de um terminal a outro (só para perceber como é grande). Se os aeroportos do Brasil vissem os aeroportos grandes daqui, eles se autodemoliriam, porque a coisa aqui é bonita!

Metrô estilo Brasil (meio cheio)
Cheguei em Miami e me senti confortável com tanta gente falando espanhol, então o uso do meu inglês precário não foi necessário.
Em Newark eu tive que usar o inglês para encontrar a pessoa que me levaria ao hotel.
Deu certo, consegui chegar ao Hilton.

Cartão para entrar no quarto
Eu me senti glamurosa ficando no hotel da Paris Hilton. É tudo tão bonito, mesmo a parte mais barata (onde ficamos).

Quarto com duas camas de casal e uma cama de solteiro (minha cama é a com algumas bagunças em cima)
Banheiro com banheira

Todas as meninas quando chegaram receberam um envelope com alguns documentos e uma cor. A cada participação nas palestras, com perguntas, respostas, iniciativas, a pessoa ganhava um ponto para a cor da equipe. Na quarta-feira, a cor que recebeu mais pontos, ganhou um segundo tour a New York de 3 horas. Quem fizesse os melhores pre-departure project ganhava esse tour também. Eu ganhei pelo projeto :)
Quando cheguei no quarto, não tinha chegado nenhuma outra menina ainda. Um pouco antes de anoitecer, nós brasileiras fomos ao shopping. Comi uma comida mexicana, comprei um creme da Victoria Secrets e foi isso.Voltei para o hotel e encontrei minha primeira roomate: japonesa . Depois de um tempo chegou a outra: alemã. 

O primeiro café da manhã foi normal: frutas, iogurte, cereal, suco, café, leite (sem chocolate), pão doce e salgado, um tipo de donuts recheado com ovos mexidos, suco, café, leite (sem chocolate ). O segundo já tinha chocolate e um tipo de bolo estranho. E no último dia de café da manhã tinha panqueca americana e um tipo de mingau que pareceu nojento demais para eu experimentar. Lembrando que as primeiras coisas cotinuavam a ter em todos os cafés da manhã.

O primeiro dia de almoço teve sanduíches estilo Subway, alguma coisa semelhante a tacos, salada, refrigerantes, água, café e de sobremesa tinha brownie. O segundo dia (o dia que eu não almocei por estar tão morta de sono que até ansia de vomito eu senti) teve arroz com alguns legumes, frango e carne (de vaca). E no terceiro dia teve pizza e lazanha e de sobremesa nos dois últimos dias teve uma tortinha ruim e trufas ruins. Eles não ofereciam janta grátis, mas na terça-feira fomos a New York e na quarta-feira também, então comemos lá.

Nós tinhamos que acordar todos os dias às 6h da manhã, para comer, tomar banho, e ficarmos prontos para as palestras que começavam às 8h. Tínhamos palestras das 8h às 12h e depois das 13h às 17h, normalmente. As palestras falavam mais sobre o que poderíamos fazer com as crianças, brincadeiras, como solucionar problemas relacionados ao cuidado delas e primeiros socorros. As palestras foram informativas e valeu a pena para quem entendia inglês.

Aula de primeiros socorros


Salão de palestras

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Malas

Eu já estou aqui, então fica mais fácil falar sobre o que precisa e o que não precisa trazer.

Primeiro, você tem que saber como é o clima da região que vai morar e qual é a estação do ano nos EUA (óbvio). Daí leva as roupas para a estação que você vai chegar e não esquece de levar uns casaquinhos porque as noites são frias, normalmente. Leve roupas velhas para trabalhar, tênis, meias, muitas calcinhas (porque aqui só tem grande demais ou fio-dental demais).

É bom colocar na mala mais do que três calças jeans, porque é díficil achar calça bonita aqui. Se procurar bem, consegue achar sim, mas é difícil.

Se você é como eu e não consegue viver sem um chinelo havaianas, leve dois.

Não esqueça de fazer uma mala para levar com você no avião, caso sua mala seja extraviada. Leve algumas blusas, calcinhas, remédios, essas coisas.

É bom levar alguns pijamas de calça e blusa, sabe?

Eu uso lente de contato e tive que pagar para ter uma receita válida para o país, mas tem estados que aceitam receitas brasileiras. Então procura saber antes se o estado que você está indo aceita ou não receitas de oftalmologistas brasileiros e vê se fica mais barato comprar as lentes no Brasil, ou fazer a receita aqui e comprar aqui. Eu paguei U$ 78 na receita e ganhei um par de lentes e as lentes são U$ 25 (uma caixa com três pares de lentes descartáveis). 

Se você toma anticoncepcional, melhor comprar no Brasil. Aqui os remédios que precisam de receita são caros e a receita médica é mais cara ainda. Tome cuidado ao levar remédios dentro da mala. Tenta deixar as receitas junto com os remédios, porque quando você chega nos EUA, eles abrem sua mala e mexem nas coisas mesmo Eu levei duas caixas de cada rémedio na minha bagagem de mão. Caso eles pegassem algum remédio de dentro da minha mala, eu teria outros comigo. Não pegaram nenhum deles, mas teve algumas meninas que chegaram em NY e perceberam que faltava vários remédios.

Cremes hidratantes, perfumes, maquiagem são muito baratos aqui, por isso não se preocupe em levar milhares com você. Leve o suficiente para duas ou três semanas.

E é isso!





segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Entrevista

Entrei na primeira sala dentro do consulado. Passei pelo detector de metais, e, como nada soou, continuei andando. Do lado de fora da sala é aberto e tem uma lanchonete, estranho. Segui as setas. Separei os documentos que eles pediram. Peguei minha senha e esperei para a pré-entrevista. Como fui umas das primeiras, ainda tinha lugar para eu sentar.

Na pré-entrevista, eles pegaram todos os documentos que o homem da senha tinha pedido (comprovante de preenchimento do DS-160, DS-2019, taxa SEVIS, comprovante de agendamento do visto, taxa de pagamento da CityBank, foto 5x7 e passaporte), eles perguntaram o que eu iria fazer. Respondi intercâmbio como au pair e voltei a sentar no mesmo lugar de antes. Esperei mais um pouco para digitalizar as digitais e fui para outra fila de bancos.

Essa era a fila da entrevista verdadeira. Notei que tinham várias pessoas que estavam entrando na frente durante a entrevista como preferencial. Só que essas pessoas não eram idosas, ou gestantes, ou estavam com uma criança de colo. Eles eram ricos. Ricos que pagaram para um despachante caro "furar a fila" para eles. Muito bonito! 

Durante a espera nos bancos, passou uma mulher entregando os envelopes de sedex para escrevermos nosso nome e endereço.

Minha entrevista foi bem tranquila:
Consul: 
Eu: 

 : Bom dia!
 : Bom dia!
 : Por que você vai aos EUA?
 : Intercâmbio como au pair.
 : Why do you want to be an au pair?
 : To improve my english to get a master scholarship.
 : What do you study?
 : Animal Science.
 : hmm Animal Science (como interessante) Where do you study?
 : Mato Grosso do Sul, my state.
 : But what college?
 : Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
 : Where will you be in the USA?
 : Rochester, Minnesota
 : Okay, você pode colocar seu dedo indicador aí e é só pagar a taxa lá fora (com todo o sotaque de americana)
 : Thank youu!
 : You're welcome. Have a nice trip
 : Thank you so much

E foi assim que eu consegui meu visto!

sábado, 1 de outubro de 2011

A Saga do Visto

Três dias antes do temido dia do visto fiquei doente. E não foi qualquer tipo de doença não. Eu fiquei com febre, com tosse, vomitei uma vez bem pouco, e, por último, mas não menos importante, fiquei rouca. Dois dias antes, eu estava totalmente sem voz, mas isso não me impediu de tentar conversar  

Remédios em gota, comprimidos, de pingar no nariz; spray com própolis e guaco; balas com mel, própolis, gengibre e jiló; Vick®; receita da vó, e, finalmente, eu estava com uma voz roucamente sexy. Então comecei minha breve luta em prol da recuperação da minha voz.

Eu estava certa de que iria ficar perdida em São Paulo sozinha e sem muita voz, quando meu primo chegou na casa da minha tia e não me deixou ir sozinha para São Paulo. Fiquei tão feliz e meio desconfortável por saber que ele tinha viajado por 7 horas e de moto e deveria estar exausto, mas ele é família 

Chegamos na rodoviária às 21 horas já sabendo que ali ficaríamos até às 4 horas da manhã. Tentamos encontrar posições confortáveis para dormir nas cadeiras. Sem sucesso. Tentamos encontrar lugares confortáveis para dormir no chão e evitar o vento que estava nos atingindo e a minha garganta menos rouca. Sem sucesso. Voltamos ao banco duro e gelado, e quando estávamos quase conseguindo dormir, um senhor quase-idoso vomita na nossa frente.

"Eu pensei que alguém estava derramando água no chão" - disse meu primo, depois de ter sido acordado pelo som do senhor-vomitinho.

Um homem que trabalha na rodoviária pediu para todos saírem daqueles bancos e irem para um outro lugar com bancos, porque eles iriam lavar aquela área. Chegamos no outro lugar, e eu vi aqueles lindos bancos com lugares para colocar a cabeça. Quase chorei de emoção.

Naquela noite, dormi 1 hora e 30 minutos  "Acordei" às 3h30 para ir ao banheiro, que tive que pagar para usar, escovei os dentes, me maquiei, arrumei meu cabelo e estava linda e radiante  para meu tão temido dia do visto.

Pegamos o primeiro trem às 4h30 na Barra Funda, sentido Osasco. Descemos na Pres. Altino. Pegamos outro trem sentido Grajaú e descemos na Morumbi. Tomamos café-da-manhã na rua, como típicos trabalhadores paulistanos, andamos algumas quadras e chegamos ao consulado americano. Não eram 6h da manhã e mais de 10 pessoas já estavam aguardando na fila.

Estava começando a ficar desesperada, com medo de esquecer o inglês, com medo da minha voz acabar, quando eu vejo uma mulher que trabalha cuidando do estacionamento em frente ao consulado. Ela chega lá todos os dias às 4 horas da manhã e está sempre animada, falando alto, rindo, animando algumas pessoas ansiosas pelo visto. O bordão dela é "Ipod não pode. Tem que deixar no carro."

Começou a garoar. Parou. E finalmente eu entrei lá antes de 7h30.


 Se você está em um ônibus, metrô ou trem, e quer espaço, aqui vai uma dica: vomite. Te garanto que nenhuma pessoa ficará do seu lado.